segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Nova Lisboa, Bela Vista e Silva Porto

Hoje vi as noticias na net e televisão. Parece que sai de Portugal em boa altura...com o frio e o gelo que está. Aqui realmente não me posso queixar. A média de temperatura deve rondar os 30º.
Sexta-Feira arrancámos, de madrugada, para Nova Lisboa. Foi um fim-de-semana cheio, visitei muitos sítios cujos nomes são familiares: Nova Lisboa, Bela Vista e Silva Porto.
Foi uma viagem rica em todos os aspectos: paisagens espantosas, terras, terrinhas, pessoas, igrejas…tudo.
As paisagens, a partir de certa altura, são muito diferentes das da viagem anterior: é tudo muito mais verde, e imensas pedras gigantes. São paisagens, verdes, de perder de vista e ai tem-se noção da enorme terra que isto é….são km’s atrás de km’s sem nada povoado, senão umas casas à beira da estrada com umas dúzias de pessoas. Faz me confusão estas pessoas que vivem à beira da estrada. Nascem e morrem ali, com certeza.


Inbomdeiro

Paisagem

Vista no caminho para Nova Lisboa
Ainda a caminho parámos no Waki Kungo para pôr gasolina e aproveitámos para dar uma vista de olhos. Se há coisa impressionante, e que vi em TODOS os sítios que visitei, independentemente do tamanho dos locais são as avenidas: são todas enormes, espaçosas e, a maior parte, com passeios também muito simpáticos. Nem as avenidas de Wako Kungo ficam atrás JEm Wako Kungo vimos também um prédio todo destruído, desabou parte. Vê-se, por todo lado, prédios com sinais da guerra: balas, só com as paredes e ocos por dentro. Este é apenas mais um exemplo de destruição.

Chegada a Wako Kungo




Prédio destruido, Wako Kungo

O Sindicato da Sopa, Wako Kungo
Até hoje acho que Nova Lisboa foi o sítio que mais gostei, embora ache que Bela Vista, antes da guerra, deve ter sido uma vila bem acolhedora, calma e simpática para se viver.
Nova Lisboa é limpo! E, muito sinceramente, do que vi até agora é raro encontrar um local tão limpo como o Huambo: não há atulhamentos de lixo, latas, papéis no meio do chão…nada disso. Benguela e Lobito também não eram sujos, mas o Nova Lisboa foi o mais limpo e organizado que vi.Tem prédios, muitas casas com sinais da guerra cravadas nas paredes mas é simpática. As pessoas são descontraídas, relaxadas e sentimo-nos perfeitamente à vontade, sem receio de nada. É seguro, e sente-se. Há muitos prédios que já estão reabilitados mas ainda há um grande trabalho pela frente. Gostei muito de conhecer embora seja difícil, face ao que se vê, imaginar que aquilo seria a maravilha que descrevem. Quando eu digo que está óptimo, que há bairros mais, outros menos destruídos pela guerra, casas completamente rebentadas com pessoas a habitarem é face a tudo o que tenho visto e ajustado à dimensão e factos que se passaram aqui. Acredito, embora não consiga visualizar que deve ter sido uma cidade óptima. Isso sente-se. As avenidas são abertas, casas com arquitecturas modernas naquela época e parece que embora grande, tudo era perto. O bairro dos operários do caminho-de-ferro, por exemplo, eram casas todas iguais, mas com um estilo tipo inglês. Ainda hoje é bem engraçado. Os liceus e as escolas, embora totalmente destruídos, são super actuais: com pavilhões desportivos gigantes, campos de basket, de futebol, muito espaço para brincar….enfim, tudo o que as nossas escolas são hoje. A diferença é que isto era a actual há 30 anos e isso espantou-me. Claro que houve coisas, em tantos anos, que mudaram: a antiga casa dos rapazes agora é um seminário e o colégio das madres é agora uma escola de formação de professores. Ambas estão a funcionar, independentemente, do estado degradante em que estão.
Ficámos num hotel na baixa da cidade. Além da decoração ser muito suis generis, tinha dois candeeiros que tentei, sem qualquer sucesso, ligar. Não percebia o que se passava até que puxei os fios e os dois não estavam ligados. O cómico no meio de tudo isto, é que os candeeiros estavam lá para enfeitar pois não havia nenhuma tomada. Entretanto o a televisão, e o comando, eram em chinês. Como eu domino a língua, foi facílimo ler os menus da televisão, bem como procurar algumas funções no comando.
Adorei conhecer Nova Lisboa, era uma pena se não tivéssemos lá dado um pulinho....de 600 km’s :)

Casa York, Nova Lisboa

Banco Nacional de Angola, Nova Lisboa

Antigo colégio das madres, Nova Lisboa

Antigo Colégio dos Padres, Nova Lisboa

Casa Figueiredo, Nova Lisboa

Casa Savimbi, Nova Lisboa

Bairro dos operários caminhos de ferro, Nova Lisboa

Obras Públicas, Nova Lisboa

Avô Máximo, Nova Lisboa

Casa Mãe, Nova Lisboa

Casa Tata, Nova Lisboa

Antiga casa dos rapazes, Nova Lisboa
A caminho de Silva Porto passámos pela Bela Vista. Bela Vista deve ter sido um sítio bem acolhedor para se viver. Não é grande mas com uma arquitectura organizada, as casas eram jardinadas e quase tudo vivendas. Tenho pena de não conseguir realmente ver como era, porque a sensação que tenho é que era um pequeno paraíso. Agora, no entanto, está muito muito destruída…há terrenos onde as casas “desapareceram”, a casa do padre arruinada bem como a escola primária frequentada pela minha avó. Tudo são recordações para quem lá viveu ou conheceu de outros tempos.
Bem vindas a Bela Vista!

Casa Figueiredo, Bela Vista

Casa padre, Bela Vista

Escola Primária avó, Bela Vista
Parámos ainda no Chinguar, também totalmente destruído. Aqui tirei uma fotografia com uns miúdos. Quando saímos do carro eles vêm a correr, alguns pedir dinheiro, outros só para alimentarem a curiosidade. A maior parte dos miúdos adora tirar fotografias connosco e depois, quando mostramos a foto no visor da máquina, ficam hiper satisfeitos ao verem-se. Coisas pequenas como estas fazem pensar na miséria em que estes miúdos vivem e na vida que não será muito diferente daquela que os da terra têm. O pai costuma sempre dar qualquer coisa aos miúdos e, aliás, dá mesmo vontade de dar porque a pobreza é tão grande


Por fim Silva Porto! Mas foi uma desilusão…. muita destruição. É também limpo mas muito destruído, não gostei mesmo. Os da terra, não gostaram que tirássemos fotografias. Claro que isso não impediu, de todo, de fotografarmos mas as pessoas são mais desconfiadas. Para não variar, as avenidas são enormes. Há um jardim muito bem cuidado, bem como os edifícios da praça central. Almoçamos uma cabidela muito diferente da que se come em Portugal. O frango e o arroz não são um prato só. Assim podemos comer o frango com o que quisermos: arroz, batata ou funje. Claro que fomos para o funje. Um pormenor que achei curioso foi os caixotes do lixo. Pois é…estranho, no mínimo. Quando virem a imagem vão entender…

Prédio em Silva Porto

Casa Tita, Silva Porto

Obras Públicas, Silva Porto

A lingua que todos dominamos...
A arvore, Silva Porto

Prédio Silva Porto
De regresso a Nova Lisboa, parámos para fazer um dos meus programas favoritos: ir ao mercado. No entanto, desta vez, foi muito superficial porque fomos apenas às mulheres da fila da frente que estavam a vender fruta. Estávamos à procura de morangos, mas não havia.
Paragem num Mercado

Mercado
Ontem arrancou o CAN- Campeonato Africano das Nações. Era para termos chegado a Luanda no inicio do jogo mas, por causa de um pneu furado, chegámos no intervalo. Nas terras onde iamos passando, via-se uma televisão e muita gente reunida à volta da mesma. Nos primeiros 45 minutos Angola marcou, creio que dois ou três golos. As pessoas todas na rua a vibrarem, foi engraçado ver. No entanto, vi uma coisa inédita neste jogo: aos 83 minutos Angola estava a ganhar 4-1 ao Mali e o resultado acabou num empate! A expressão do Joveti, o guarda da casa, ia ficando gradualmente mais estupefacta e chateada. Coitado. Agora Angola volta aos relvados dia 14. O Joveti disse que me vai levar com ele a rezar pela equipa Angolana e me vai oferecer um cachecol de Angola, para quando eu estiver a ver os jogos em Portugal.Ahahahahahha. Vou, portanto, acompanhar o CAN em Portugal. A t-shirt o pai já ofereceu. Entretanto hoje a falar com as empregadas e com o guarda, fiquei a saber que se Angola tivesse ganho o jogo, hoje ninguém trabalhava: era um dia para beber, comer e comemorar a vitória. Bem, se é assim por ganharem um jogo, imagino se forem campeões. Vou rezar com o Joveti, para que assim seja :)

CAN
Há dois sitios sobre os quais ainda não escrevi, mas não foi por falta de esquecimento. São dois sitios lindos: Cuando e Caala. São de ficar, com as paisagens, de queixo caido. No entanto, a net está lenta e demorei horas para conseguir editar, hoje, isto. Amanhã acrescentarei estes dois lugares paradisiacos.

1 comentário:

  1. Fazes muito bem em falar da Caala e do Cuando. Mesmo durante a guerra eram sítios lindos. Já agora fala do dia seguinte àquele miserável empate com o Mali. Pelas fotos, dá para perceber que tem havido trabalho de reconstrução, nomeadamente no Huambo. Bjs para ti e os teus pais. Manuel de Almeida

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